Você já ouviu falar nesta sigla? M&A (do inglês, “Mergers and Acquisitions” – “Fusões e Aquisições”) é o termo utilizado para explicar processos de compra e venda de empresas ou combinação de negócios – as famosas fusões! Independentemente de sua natureza, diz respeito a qualquer transação entre dois ou mais empreendimentos, envolvendo a troca de participação societária. Esse processo pode se dar de diversas formas, seja faseado, minoritário ou total.

Esses movimentos cresceram consideravelmente nos últimos tempos, especialmente no setor de logística e transportes. E a tendência é que alguns dos motivadores que fizeram esses M&As decolarem no transporte continuem.

Um ponto muito importante é que, por mais que a empresa seja negociada e passada para outro responsável, o proprietário ou sócios antigos continuam tendo responsabilidade sobre ela. Então não se engane achando que passando a empresa para frente fará os problemas sumirem, pelo contrário, isso pode dar mais dor de cabeça ainda!

Qual a importância desses M&As para o setor de transporte e logística?

Um fato sobre o setor logístico brasileiro é que a informalidade ainda é uma realidade bastante presente entre algumas transportadoras, uma vez que este é um setor um tanto quanto fragmentado, ou seja, que possui uma relação de dependência com outras empresas. Num contexto em que existem poucas empresas grandes e muitas de porte médio e pequeno, somado a uma legislação fiscal, tributária e trabalhista complexa, as práticas de fusão e aquisição umas das outras é comum, no sentindo de sobrevivência mesmo.

Medidas como a “pejotização” (ato de manter empregados através da criação de empresa pelos contratados) da folha de trabalho ou a passagem de caminhões ou implementos para a pessoa física ou um CNPJ à parte e alugá-los por um valor diferente do valor do mercado são, de certa forma, recorrentes. É aí que a atuação de um profissional de M&A entra em jogo, revertendo tudo o que estava fora da linha e apresentando ao empreendedor a contabilidade como ele vê e a contabilidade do jeito que ela deveria ser. Com base nisso, é feita uma precificação da empresa e ofertada a interessados. É importante também se atentar ao tamanho da exposição que a empresa pode ter, assim como estar ciente de todos os riscos eminentes antes de ir a mercado.

Qual o passo a passo para um processo de M&A?

Não basta uma empresa ser boa – é preciso mostrar que ela é boa. É neste sentido que o M&A atua, buscando identificar e rastrear uma série de dados e informações a fim de constatar o nível de excelência de uma empresa, conhecer a fundo suas estruturas e processos, de modo a assegurar aos interessados que esta empresa tem de fato suas vantagens para ser fundida ou adquirida.

No caso de uma empresa informal tentar ir a mercado se vender sozinha, pode haver dificuldades de se conquistar algo efetivo, por conta das “pedras no caminho”. Esse processo, por sua vez, pode levar de dois a três anos, pois não é uma tarefa fácil e rápida. Entender também qual o melhor momento de se fazer uma apresentação da empresa, e eventualmente seus desafios, buscando passar confiança na negociação, é papel do M&A. Organização e planejamento são os requisitos mínimos.

Por que buscar um M&A?

Existem três principais fatores envolvidos nessa decisão. O primeiro deles é a recompensa, visando uma satisfação pessoal ou profissional do idealizador do negócio que, ao longo do tempo, colocou tijolinho por tijolinho e viu seu sonho tomando vida e agora busca ser merecidamente compensado de uma forma mais sólida pelo seu esforço, optando então por lucrar com a sua venda ou fusão.

O segundo fato, muitas vezes interligado ao primeiro, diz respeito à sucessão, que nada mais é do que a “passagem do trono” para uma próxima pessoa responsável, algo muito recorrente em empresas com laços familiares operando em seu interior, contudo, isso não é uma exclusividade. Este tipo de reorganização interna também pode ser gerido por um profissional de M&A.

Já o terceiro motivo que leva à busca desta atividade, e que por sua vez potencializa as duas primeiras, sobretudo nos casos de venda de 100%, está ligado ao processo de consolidação setorial. O fato do setor de transporte e logística ser fragmentado, possuir traços de informalidade e estar inserido num meio onde outras empresas de grande porte voltam seus olhos a negócios menores a fim de acelerar seus processos de expansão, cria um cenário de alta competição entre os compradores ao mesmo tempo que gera uma dinâmica de preços mais amigável. Ou seja, quanto mais interessados disponíveis, melhores ficam os preços.

De forma sintética e didática, O M&A atua no sentido de entender as dificuldades de uma empresa e a polir, é como um personal stylist que arruma uma pessoa e a deixa mais atraente, vamos fazer uma analogia assim.

Deu pra entender um pouco sobre o assunto? Este foi o tema da última edição do Entre Modais, que contou com a participação dos convidados especiais Fábio Jamra e Hugo Cotta Pacheco, da RGS Partners. Confira aqui o vídeo disponível no YouTube.

Leopoldo Suarez

Leopoldo Suarez

Executive Director & Partner | nstech

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