O partnership já é um modelo de negócio muito utilizado em todo o mundo. Ele consiste em ampliar o quadro de acionistas de uma empresa, fazendo com que colaboradores se tornem sócios.  

Entrevistamos o CEO da KMM, Paulo Roberto Malinski, que explicou como funciona e a experiência da KMM com o seu programa de partnership, que já conta com 21 stakeholders. Acompanhe: 

KMM – O partnership é um modelo de negócios adotados por muitas empresas. Porque a KMM decidiu iniciar este modelo? 

Paulo Roberto Malinski: Na verdade já há muito tempo tínhamos isso em mente, está na nossa forma de pensar, acreditamos que é bom para o profissional e para o negócio, uma forma de pensamos a longo prazo. 

Cabe salientar também que entre nossos valores está senso de dono, logo o partnership mostra que levamos isso para as fronteiras societárias. 

KMM – Como foi o processo para iniciar com este modelo? O que precisou ser mudado dentro da empresa para iniciar com o processo de partnership? 

Paulo – Essa iniciativa começou de forma mais consistente no nosso ciclo de planejamento de 2020-2024, onde já colocamos um percentual de ações dedicado a um plano de ILP (incentivo de longo prazo). Como traçamos grandes metas naquele momento, sabíamos que precisávamos fazer algo diferente, a companhia tinha mudado. 

Em termos práticos, uma das mudanças foi o ajuste societário em si, transformamos nossa empresa em uma S/A de capital fechado e criamos nosso primeiro ILP, reservando um conjunto de papeis para tal. No mais, foram alterações de condução e comunicação que merecem sempre destaque. Quem nos conhece sabe que sempre tratamos nossos colaboradores como parceiros e esse movimento veio para consolidar essa ideia. 

KMM – Atualmente a KMM conta com quantos sócios? Quais os requisitos para que um colaborador torne-se sócio? 

Paulo – Nosso cap table é relativamente extenso, temos 21 stakeholders. Esse ano devemos ter mais uma turma entrando. 

Para se tornar sócio efetivo existe um caminho definido, construímos com base no nosso organograma e plano de evolução pessoal. Esse ano adicionaremos mais um formato nisso, faremos distribuição de phantom shares (modelo de distribuição de ações sem subscrição efetiva). Enfim, estamos a cada ano ajustamos nosso plano de ILP, o que é natural nesse tipo de movimento. 

KMM – Como está sendo a experiência com este modelo de negócio? Quais os aprendizados com a implantação do partnership 

Paulo – Imagino que nossos objetivos estão sendo alcançados, hoje percebo que quem já está no nosso cap table tem uma visão bem alinhada com nossa estratégia, pensando a longo prazo. Um modelo de partnership  é uma forma de gerar mais confiança e ampliar a colaboração, porque ninguém chega a lugar nenhum sozinho. 

Acho que a grande lição que aprendemos é que por mais que planejamos sempre existe espaço para melhorar. Atualmente temos inúmeros exemplos e formas de planos de ILP, com as startups isso se popularizou. O fato é que a cada ciclo vamos evoluindo. 

Sem dúvidas não há fórmula pronta, cabe sempre muita pesquisa e adequar a sua realidade de negócio. 

KMM – Quais as principais vantagens e desvantagens em adotar este modelo? 

Paulo – Como vantagem temos várias, mas cabe destacar que a essência é o fortalecimento da confiança, colaboração e reconhecimento da empresa com quem tem a dedicação, competência e disponibilidade para ela. Acho que isso vai ao ápice do senso de dono. A partir daí temos um time totalmente engajado no propósito. 

Não vejo desvantagens, talvez temos alguns aborrecimentos, geralmente com aqueles que não participam ou não entendem o modelo, mas isso faz parte do jogo. 

KMM – Quais as principais mudanças culturais necessárias para empresas que se interessam por adotar um partnership? 

Primeiro passo é a empresa e seus proprietários entenderem do potencial de um programa de partnership e estarem dispostos a aplicá-lo na sua companhia. 

Não é uma decisão fácil. É necessário adotar mecanismos para compartilhar as informações estratégicas e financeiras com um novo grupo de pessoas. Transparência é fundamental para que dê certo. Geralmente os parceiros já sabem dos detalhes da companhia, mas aqui estamos falando de outra perspectiva, a de dono, onde temos muitas vezes assuntos indigestos a compartilhar. 

Do lado dos novos sócios é importante estarem cientes que suas reponsabilidades mudam, assim como suas perspectivas de crescimento: profissional e financeiro.   

KMM – Este modelo é indicado para todo tipo de empresa? Quais fatores empresas devem levar em conta antes de pensar em adotar o partnership? 

Paulo – Não gosto de generalizações, mas imagino que o modelo de partnership bem estruturado e construído de forma genuína transformam qualquer empresa, independente da sua atividade. Como dito, é um modelo que deve ampliar a confiança e colaboração entre os líderes, onde todos são recompensados no longo prazo. 

Por isso, é importante a companhia ter um plano e saber onde quer chegar. Aqui não estamos falando daqueles esquemas geniais de previsão futurística, mas sim a definição de objetivos e propósitos de médio e longo prazo. Tendo isso definido e junto com algumas regras do jogo, estão formatados os fundamentos necessários para se adotar um plano de ILP. 

Leopoldo Suarez

Leopoldo Suarez

Executive Director & Partner | nstech

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