Atualmente vivemos duas crises dentro da esfera do combustível Diesel: uma relacionada ao seu preço e outra voltada ao estoque do produto. A mais grave delas, a inicial que dá origem aos demais problemas subsequentes, é oriunda do seu abastecimento, sendo o preço o fator que recebe esse impacto de forma mais imediata.

Detentora da produção de matérias primas para os combustíveis, a Petrobras decidiu separar a parte responsável pela distribuição, ficando sob os cuidados de empresas privadas como a Vibra, Ipiranga e Raízen, que por sua vez são proprietárias de redes de postos que atendem por todo o país.

Outro fator que contribui para o desequilíbrio de abastecimento de petróleo no mundo tem relação com a guerra Ucrânia X Rússia. Porém, mais especificamente no Brasil, o maior problema que afeta diretamente está relacionado ao fato de nosso país não possuir uma matriz energética capaz de satisfazer o tamanho da demanda interna, o que faz com que haja uma dependência da importação do combustível.

Importado X Nacional

A oscilação de preços, por sua vez, se deve a um mix que é feito entre o preço interno do combustível e o preço do mesmo importado, o que varia de mês a mês, justificando também o porquê deste preço não ser fixo.

A demanda interna pelo diesel aumentou consideravelmente nos últimos meses, haja visto pela última safra que bateu record este ano. Neste cenário, as refinarias agem do seguinte modo: elas vendem aquilo o que elas conseguem produzir, baseado na demanda interna, já o mix importado depende das distribuidoras, cabendo a elas decidirem se importam ou não. Esse poder de opção está longe de ser uma imposição governamental, sendo apenas uma estratégia para a precificação por parte dessas empresas. O que acontece é que essa estratégia acaba sucateando as refinarias nacionais.

Racionamento de Diesel?

O assunto sobre escassez de diesel já anda solto por aí. A questão é: Existe mesmo a possibilidade de haver um racionamento diante do cenário logístico atual? A resposta realmente não pode ser respondida com exatidão. Fazer uma previsão num cenário atual tão instável, é um tiro no escuro. Quem previa a pandemia, a guerra e essa elevação abrupta da demanda? Tudo pode mudar a qualquer momento.

A realidade é que existem muitos fatores envolvidos, como a inflação e a escalada de preços no mundo todo. O setor de transporte está no topo de uma cadeia em que é o primeiro a impactar os demais – se ele sofre alterações, o efeito dominó começa, pois praticamente todos os demais setores da economia são dependentes de transporte, especialmente os alimentos. Com o aumento do preço do combustível, inicia-se o processo de escalada dos preços e tudo sobe.

Existem alguns casos em que a abastecedora recebe o produto bombeado, porém em alguns estados, não há estrutura para atender esse recurso, o que acaba fazendo com que falte combustível para atender a região. Quando esse tipo de situação acontece, geralmente a refinaria solicita o produto de outro fornecedor, que muitas vezes por estar longe, até chegar para resolver a situação, pode culminar num desabastecimento, mesmo que seja momentâneo.

É comum que, diante de um cenário de escassez, os postos optem por encher seus tanques, a fim de controlar sua venda e dar preferência de abastecimento para as transportadoras, limitando a quantidade vendida para cada uma. Contudo, fracionar a distribuição entre todos os atendidos é algo dificultoso diante de uma cenário tão massivo em que todos são afetados.

E o biodiesel?

Um projeto em andamento discute a possibilidade de aumentar a mistura de biodiesel no diesel de 10% para 14% , a fim de contornar o problema de uma possível escassez. Já pode-se observar uma certa mudança na matriz energética, com o desenvolvimento de caminhões adaptados para esse tipo de combustível, o que está começando a virar uma tendência. Porém, há um grande desafio de estabelecer um preço acessível para o biodiesel.

Uma solução aponta para uma ação conjunta entre governo e empresas, a fim de criarem meios para a viabilidade de tal combustível. Deveria haver uma sincronia dentro do processo de reajuste para que as empresas pudessem avisar seus clientes sobre as alterações de preços com tempo hábil para que toda a cadeia conseguisse se planejar melhor e evitar consequências mais drásticas.

O que pode se observar na prática é a utilização do modelo híbrido de abastecimento (gás e diesel) o que vem se tornando uma opção interessante para várias empresas dentro de um processo de mudança de hábito mirando uma nova realidade para a logística.

É, o assunto sobre combustíveis está cada vez mais latente! Se você ficou instigado com esse tema, ele foi retirado da pauta da nossa série Entre Modais, que vai ao ar no YouTube toda segunda-feira às 13:45. Confira aqui como foi a última edição da qual nos baseamos para este artigo.

Entenda também como é composto o preço do óleo diesel e veja algumas estratégias de como contornar a inflação, artigos nossos publicados anteriormente.

Confira abaixo a última edição do EntreModais sobre os perigos do desabastecimento.

Leopoldo Suarez

Leopoldo Suarez

Executive Director & Partner | nstech

Leave a Reply