Já passou do tempo em caminhão ou veículos alternativos movidos a gás ou energia eram apenas uma tendência, isso já é realidade em alguns lugares do mundo. Na Europa, por exemplo, o biogás já foi introduzido como a principal forma de redução de CO2 há mais de uma década. Contudo, cada país tem sua realidade, onde fatores políticos e sociais influenciam muito.

Quando falamos de alternativas para o combustível de veículos, mais do que entender a realidade local de onde se está inserido, é fundamental compreender a realidade do cliente em si, como é a sua operação e quais necessidades especiais ela demanda, o que pode variar de acordo com o setor de atuação.

Fatos do caminhão elétrico

Os caminhões movidos a eletricidade possuem um custo de operação bem menor comparados aos convencionais. Seria esta uma alternativa frente à crise do combustível que temos vivido? – Eis a questão, já que seu custo de aquisição é muito maior. Se de um lado temos uma solução para os problemas gerados pelo CO2, de outro temos uma barreira financeira muito grande para a realidade de muitos transportadores.

Um detalhe sobre a fonte da energia que proverá o veículo é que essa energia precisa ser limpa, de nada adiantaria gerar energia a partir de uma máquina movida a combustível para abastecer um caminhão elétrico, seria contraditório. A mesma observação pode ser feita em relação às baterias utilizadas nesses veículos, se suas produções forem poluentes para o meio ambiente, no final das contas, toda a economia gerada pelo caminhão elétrico seria jogada ralo abaixo. Neste sentido, já existem estudos para se chegar em uma solução que faça a conta fechar e a ação em prol da natureza ser de fato efetiva.

Tratando do cenário econômico novamente, a estabilidade ou instabilidade das taxas de juros e inflação é um grande fator que viabiliza ou não o investimento em um caminhão. É por isso que na Europa vemos mais veículos sustentáveis rodando do que na Argentina, por exemplo. A economia se põe como um fator muito decisivo para a aquisição desse tipo de veículo.

Portanto chegamos à seguinte conclusão: o veículo elétrico é uma alternativa eficaz para o transporte rodoviário apenas no sentido da redução da emissão de CO2, mas não é uma resposta direta ao problema da escassez ou alta de preço dos combustíveis.

A diferença do veículo elétrico para o autônomo

Quando falamos em caminhão elétrico, a sua principal característica remete ao seu modelo de funcionamento através da propulsão por meio de eletricidade. Na prática, a característica mais observada é o fato de ser um veículo que emite ruídos bem menores comparados a um convencional. Carros elétricos são mais comuns nesse aspecto, e essa é uma realidade já implantada há um certo tempo, não sendo tão novidade assim.

Já os veículos autônomos têm como elemento primordial a capacidade de transportar pessoas ou bens sem a necessidade de um condutor. Os veículos autônomos tinham uma perspectiva de estarem em um determinado patamar há 10 anos atrás, porém esse processo de desenvolvimento foi muito mais devagar. Isso não se deve apenas às barreiras da tecnologia, mas muito pelos desafios no sentido legal.

Perspectivas para o mercado

Atualmente um tema comum de se ouvir sobre é a assinatura de veículos comuns. Diante disso pode-se observar uma tendência por parte do setor de transporte em estabelecer contratos para se utilizar de veículos sustentáveis, dispensando um investimento. Essa discussão já deixou de ser tendência na Europa, e se o Brasil seguir o exemplo de países como a Suécia, por exemplo, pode vir a tornar a assinatura de veículos sustentáveis uma realidade.

Se paramos para analisar um caminhão de 10 anos atrás, podemos ver o quanto a tecnologia avançou no seu desenvolvimento. Hoje temos uma quantidade de sensores e informações disponíveis para o motorista muito maior, isso sem falar em tecnologias como a telemetria, que vem avançando bastante nos últimos anos.

Para o futuro, existem lacunas principalmente no campo da legislação referente a implantação de sistemas tecnológicos na frota, bem como uma série de treinamentos que são necessários para o seu bom uso. Ainda há o que se discutir no quesito meio ambiente e segurança também. Exemplos desses sensores são o de auxílio de troca faixa, o assistente que mantém a circulação na faixa adequada e o freio de emergência.

É importante levar em consideração a demanda específica dos clientes, que em sua maioria são exigentes. Tendo isso em vista, as montadoras vão desenvolvendo seus produtos de modo a adicionar funcionalidades que possam atender igualmente aos seus clientes como o mercado em geral, sem contar nas requerências burocráticas ligadas à legislação.

O tema de veículos sustentáveis sempre vai ser algo em constante movimento, como mencionamos anteriormente, havia perspectivas há anos atrás que não chegaram no patamar esperado, e ainda há muitos avanços em diferentes campos a se fazer.

Este assunto foi desdobrado do episódio número #55 da nossa série EntreModais, que vai ao ar todas as segundas-feiras às 13h45. O artigo em questão se baseou nas falas do convidado desta edição, que foi o Julian Modro, Diretor Industrial e Aplicações da Scania, em Estocolmo, na Suécia, bem como nossos colaboradores de casa que conduziram a programação.

Leopoldo Suarez

Leopoldo Suarez

Executive Director & Partner | nstech

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